Perspectivas 2025: Transformações e Desafios para a Indústria Química Brasileira
Crédito: Canva/Getty Imagens
Por Hugo Ferreira*
A indústria química brasileira, um dos pilares da economia nacional, inicia 2025 com grandes expectativas e desafios à frente. Considerada a sexta maior indústria química do mundo, o setor é responsável por impulsionar inúmeras cadeias produtivas, como a de alimentos, farmacêutica, automotiva e construção civil. Em um cenário de retomada econômica global e avanço tecnológico, o Brasil busca consolidar sua posição no mercado internacional e atender às demandas de sustentabilidade e inovação.
Desempenho Econômico: Um Olhar Sobre os Números
De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), a expectativa de crescimento do setor para 2025 é de 3,5% no volume de produção, consolidando a recuperação iniciada em 2024, quando a indústria apresentou um incremento de 2,8%. Este aumento reflete tanto a maior demanda interna por produtos químicos quanto a gradual retomada das exportações brasileiras, impulsionada pela desvalorização cambial que torna os produtos nacionais mais competitivos.
No entanto, o déficit da balança comercial do setor permanece como um ponto de preocupação. Em 2024, o saldo negativo alcançou US$ 63,5 bilhões, evidenciando a alta dependência de insumos importados. Para reverter esse cenário, há uma necessidade urgente de investimentos em infraestrutura e em novas plantas industriais, além da redução de custos logísticos e tributários que comprometem a competitividade nacional.
Sustentabilidade: Um Fator Estratégico
A busca por práticas mais sustentáveis não é mais uma opção, mas uma exigência. A química verde e a economia circular ganham protagonismo, com um aumento no desenvolvimento de tecnologias que priorizam o uso de matérias-primas renováveis e a reutilização de resíduos industriais.
Empresas brasileiras têm intensificado esforços para atender a metas globais de redução de emissões de gases de efeito estufa, alinhadas com os compromissos assumidos na COP28. Nesse contexto, destaca-se o avanço na produção de bioplásticos e na implementação de processos químicos com menor impacto ambiental, como a captura e utilização de carbono (CCU, na sigla em inglês).
A Petrobras, por exemplo, anunciou recentemente investimentos significativos em pesquisas voltadas à produção de polímeros sustentáveis e derivados de fontes renováveis, sinalizando um futuro promissor para a integração de sustentabilidade e inovação no setor químico.
Inovação Tecnológica: O Papel da Indústria 4.0
A transformação digital segue como um fator determinante para o crescimento da indústria química brasileira. O uso de tecnologias da Indústria 4.0, como inteligência artificial, Internet das Coisas (IoT) e big data, tem revolucionado processos de produção e logística, tornando-os mais eficientes e menos suscetíveis a falhas. A MPA Automação é uma Indústria brasileira que fabrica suas tecnologias e embarca a indústria 4.0 em suas soluções.
Empresas do setor químico estão investindo em digital twins (gêmeos digitais), que simulam processos industriais em ambiente virtual, permitindo a otimização de operações em tempo real. Além disso, o uso de sensores inteligentes em plantas químicas tem possibilitado um monitoramento mais preciso de variáveis críticas, como temperatura, pressão e composição química, garantindo maior segurança e qualidade nos produtos finais.
Mercado de Trabalho: Qualificação e Novas Oportunidades
O avanço tecnológico também está transformando o mercado de trabalho na indústria química. A demanda por profissionais qualificados em áreas como ciência de dados, engenharia química e gestão ambiental tem crescido significativamente. De acordo com o IBGE, estima-se que o setor criará mais de 15 mil novas vagas em 2025, impulsionado pela expansão de plantas industriais e pela necessidade de adaptação às novas tecnologias.
Entretanto, especialistas alertam para o déficit de mão de obra especializada. Iniciativas como parcerias entre empresas e instituições de ensino têm se mostrado fundamentais para suprir essa lacuna e garantir que o Brasil acompanhe as tendências globais do setor.
Robotização: A Nova Fronteira da Indústria Química Brasileira
Um aspecto cada vez mais relevante para a competitividade da indústria química nacional é a integração de robôs e sistemas automatizados nos processos produtivos. A robotização oferece soluções práticas para desafios enfrentados pelo setor, como o aumento da eficiência operacional, a redução de custos e o aprimoramento da segurança em ambientes industriais.
De acordo com a Federação Internacional de Robótica (IFR), o Brasil ainda possui uma densidade robótica relativamente baixa em comparação com países desenvolvidos, com apenas 15 robôs industriais para cada 10 mil trabalhadores na manufatura. Na indústria química, onde processos muitas vezes envolvem materiais perigosos e condições extremas, o uso de robôs pode ser decisivo para minimizar riscos aos trabalhadores e garantir maior precisão nas operações.
Expectativas para o Futuro
Apesar dos desafios, a indústria química brasileira tem potencial para se consolidar como um dos principais players globais. O aumento dos investimentos privados, aliado a políticas públicas que incentivem a inovação e a competitividade, será essencial para superar barreiras estruturais e explorar ao máximo as oportunidades oferecidas pelo mercado internacional.
Em um mundo cada vez mais focado em soluções sustentáveis e tecnológicas, o Brasil tem a chance de transformar seu vasto conhecimento em química em um diferencial competitivo, contribuindo não apenas para o crescimento econômico, mas também para a construção de um futuro mais sustentável.
* Hugo Ferreira é Diretor da MPA Automação e Integração e Presidente da AMPEC Minas Gerais
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