
Musicoterapia transforma o cuidado hospitalar e promove bem-estar a pacientes
Com foco no cuidado humanizado, o Hospital Lifecenter, em Belo Horizonte, incorporou a prática à sua rotina e tem promovido intervenções terapêuticas com música, beneficiando cerca de 100 pacientes internados em UTI, quartos e enfermarias.
Muito além do entretenimento, a música vem conquistando espaço como objeto de estudo e prática terapêutica em diversas áreas do conhecimento. Isso porque seus elementos, som, ritmo, melodia e harmonia, têm a capacidade de provocar bem-estar, despertar emoções e até influenciar funções fisiológicas do corpo humano.
Comprometido em oferecer um atendimento cada vez mais humanizado, o Hospital Lifecenter, da Hapvida, localizado na região Centro-Sul de Belo Horizonte, incluiu a prática musical em atividades da rotina hospitalar. Recentemente, em parceria com o Curso de Musicoterapia Hospitalar, a unidade realizou sessões voltadas para pacientes internados e profissionais de saúde, como parte do programa Apaixonados pela Vida.
De acordo com a diretora executiva de Acolhimento e Bem-Estar do Cliente da companhia, Franciane Gonçalves, “o acolhimento é um grande pilar da Hapvida. Ações como esta contribuem para o fortalecimento do vínculo entre paciente e equipe, além de trazer mais leveza para a jornada hospitalar durante todo o tratamento”.
Diferentemente das apresentações musicais em corredores, a proposta da ação foi oferecer intervenções terapêuticas estruturadas, individuais ou em grupo, sempre adaptadas às condições clínicas e emocionais de cada paciente. Cerca de 100 pessoas foram beneficiadas, incluindo pacientes em UTI, quartos e enfermarias. Uma delas foi Daniele Aparecida Rocha Lima Braga, de 43 anos, que participou do projeto durante sua permanência na UTI.
No dia 26 de agosto, a paciente foi submetida a uma cirurgia delicada para retirada de um tumor cerebral. O marido, Reginaldo Grosman, conta que a musicoterapia foi essencial para trazer alívio em um dos momentos mais difíceis da família. “A cirurgia foi um sucesso, ela saiu melhor do que esperávamos. E ver a equipe da musicoterapia chegando na UTI logo depois trouxe uma paz que a gente não imaginava. A Daniele ficou feliz, emocionada, até escreveu uma cartinha para agradecer os profissionais. Foi uma cena que nos marcou profundamente”, relata Reginaldo.
Ele reforça que o impacto da ação ultrapassou a paciente e alcançou todos que acompanhavam o processo de recuperação. “O astral dela mudou completamente. A gente chorou junto, não de preocupação, mas de gratidão. É um trabalho que não tem preço, porque fortalece o coração do paciente e da família. Isso é cuidado humano de verdade”, afirma.
Segundo ele, a música ajudou a transformar um dos dias mais apreensivos, em razão da cirurgia, em uma experiência de esperança. “Ela levantou o ânimo, trouxe alegria para dentro da UTI e mostrou que, além dos médicos e enfermeiros, existe também esse cuidado especial. Só temos a agradecer a todos, neurocirurgiões, técnicos, equipe de limpeza, músicos. Cada detalhe contribuiu para que a Daniele tivesse mais força nesse momento. Esse gesto de humanização não tem preço, é algo que só Deus pode recompensar”, ressalta Reginaldo.
Terapia com música é cientificamente comprovada
A musicoterapia, reconhecida como ciência desde meados do século XX, nasceu da prática hospitalar, quando músicos passaram a atuar junto a pacientes em recuperação e demonstraram resultados imediatos no estado físico e emocional.
De acordo com Lourdes Vigatto, doutora em Psicologia, musicoterapeuta e realizadora do projeto da Hapvida, a técnica está consolidada como recurso terapêutico não farmacológico.
Para ela, a força da música está justamente em seu impacto direto no cérebro, estimulando conexões neurais e favorecendo a reabilitação em diferentes contextos de saúde, com benefícios que vão além do relaxamento. “Em casos de doenças cardíacas, neurológicas, demências ou em internações em UTI, a música contribui para reduzir ansiedade e estresse, aliviar a dor, regular a pressão arterial e a respiração, melhorar a qualidade do sono e fortalecer a interação social. É um recurso que humaniza o cuidado e melhora a resposta clínica”, destaca.
Lourdes também afirma que a ação, além dos ganhos clínicos, proporciona acolhimento e fortalece vínculos entre pacientes, familiares e equipes multiprofissionais. “Em um ambiente de internação, onde prevalecem o medo e a incerteza, a música chega como um espaço de afeto e respiro. É um recurso que devolve dignidade e leveza ao tratamento”, finaliza.