
Endividamento recua, mas inadimplência segue aumentando em Belo Horizonte
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De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), analisada pelo Núcleo de Pesquisa e Inteligência da Fecomércio MG e aplicada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), o nível de endividamento das famílias de Belo Horizonte em setembro reduziu 0,4 ponto percentual em relação a agosto atingindo 87,8% dos consumidores.
A inadimplência teve elevação de 1,4 ponto entre agosto e setembro com 61,4% de consumidores com dívidas em atraso na capital. Já o número de consumidores que não terão condições de quitar suas dívidas teve elevação, subiu de 19,8% em agosto para 20,5% em setembro. As famílias superendividadas, que comprometem mais de 50% do orçamento com dívidas, somaram 22,5%, esse número era de 20,5% em agosto.
No mês de setembro, 47,2% dos entrevistados disseram que se consideram pouco endividados em relação a compromissos financeiros como cheques pré-datados, cartões de crédito, carnês de lojas, empréstimo pessoal, prestações de carro, seguros, entre outros. De acordo com 24,6%, estão mais ou menos endividados, 16% avaliam que estão muito endividados e 12,2% não têm dívidas do tipo.
As dívidas no cartão de crédito atingem 96,3% dos consumidores de Belo Horizonte em agosto, sendo que as famílias com renda maior ou igual a 10 salários-mínimos chegaram a 98,4% de endividamento no cartão.
A inadimplência na capital é 12,9% maior entre as famílias que ganham até 10 salários-mínimos (63,2%) em comparação com as famílias de renda acima dessa faixa de renda (50,3%). Entre os endividados, 69,9% ainda não conseguiram honrar seus compromissos e estão com dívidas em atraso.
Conforme 20,5% das famílias, não haverá condições de honrar os compromissos financeiros no próximo mês. Esse índice é maior em famílias com renda igual ou inferior a dez salários-mínimos (22,1%) em comparação com as de maior salário (11,8%). Entre os consumidores com dívidas atrasadas, 33,3% entendem que não terão condições de honrar, em outubro, com os compromissos adquiridos.
Segundo a PEIC, 39,4% das famílias da capital estão com contas atrasadas há mais de 90 dias. A pesquisa também mostra que as dívidas estão atrasadas em média há 58,5 dias e 76,5% das famílias possuem compromissos por tempo igual ou superior a 90 dias. Já o tempo médio de comprometimento de renda é de 7,1 meses.
Em setembro, as dívidas comprometeram mais de 10% da renda familiar em 81,2% dos casos, sendo 22,5% o percentual de famílias com dívidas que envolvem mais de 50% do orçamento mensal. Em média, as dívidas comprometem 31,0% do orçamento do mês.
Gabriela Martins, economista da Fecomércio MG, destaca que apesar da pequena redução do nível de endividamento das famílias, a alta da inadimplência é um fator alarmante para a economia de Belo Horizonte. “Apesar da leve queda no endividamento das famílias em Belo Horizonte, a inadimplência continua em alta, refletindo um descompasso entre o acesso ao crédito e a capacidade de pagamento. Esse cenário pode ser explicado por fatores como o uso excessivo do cartão de crédito e o comprometimento elevado da renda com dívidas, que em muitos casos ultrapassa 50% do orçamento mensal. As altas taxas de juros, o custo de vida elevado e a renda ainda pressionada, especialmente entre famílias de menor poder aquisitivo, dificultam a quitação dos débitos. Isso gera um ciclo de inadimplência prolongada, com atrasos superiores a 90 dias e baixa expectativa de regularização no curto prazo, afetando diretamente o acesso ao crédito das famílias e, consequentemente, o consumo”, explica Martins.