Entretenimento Filme, Macacos, Víktor Waewell Redação 7 de novembro de 2025 0 Comentários

Macacos, cidade da Grande BH vira curta-metragem; assista!

Obra é dirigida e roteirizada pelo cineasta Víktor Waewell

Disponível pela internet, o curta-metragem Vilarejo Macacos: uma jornada histórica no interior de Minas é um filme que reconta o passado de Sebastião das Águas Claras, a pequena Macacos, cidade da Grande BH. A obra, dirigida e roteirizada por Víktor Waewell e produção executiva de Fabiana Lopes, o filme conta com narração poética e visual de pintura expressionista, percorrendo desde a ocupação dos povos originários até o presente, quando o turismo e a mineração disputam espaço e sentido no território.

“É uma história que merece ser contada e, por ser muito particular, paradoxalmente, tende ao universal”, afirma Waewell. “Como disse Tolstói: ‘Se queres ser universal, fala da tua aldeia.’”

Não sendo natural do vilarejo Macacos, este foi, há alguns anos, o local escolhido para morar por Waewell, que também é autor best-seller na Amazon e host do podcast Tormentas e Redemoinhos. Porém, encantado pela natureza e pelas pessoas da região, Waewell conta que logo sentiu uma inquietação. “A história de Macacos, até entre moradores, se fragmenta em lembranças orais e lacunas no tempo”, diz.

Assim, Waewell viu no audiovisual uma forma de reunir memória, sensibilidade e imaginação para recontar essa história, num formato de curta de animação, acessível ao público. “O processo envolveu pesquisa histórica, levantamento imagético e escuta de moradores, sobretudo os mais antigos, numa narrativa que coloca o território como protagonista”, conta ele. A temática da região, que vive há séculos a contradição entre exploração ambiental e preservação, não poderia ser mais atual.

Totalmente concebido no estilo expressionista, o filme combina arte, fotografia, animação e inteligência artificial para criar imagens que se afastam do realismo literal e se aproximam do afetivo. Momentos de violência e exploração ganham densidade e sombras; passagens de infância e convivência comunitária explodem em cores; a natureza aparece com lirismo e encantamento.

Entre as referências estéticas e cinematográficas que inspiraram a obra, estão pinturas como A Noite Estrelada, de Van Gogh, O Grito, de Edvard Munch, e filmes como Waking Life, de Richard Linklater, e Camponeses, de Dorota Kobiela e Hugh Welchman. “Busquei traduzir a emoção para além do registro visual. A imagem é uma linguagem que carrega memória, paisagem e afeto”, afirma o diretor.

A narrativa das águas: o tempo que atravessa vidas e territórios

Com 11 minutos e classificação a partir de 14 anos, Vilarejo Macacos é narrado por uma voz simbólica: as águas de Macacos. Esta voz representa o bem comum, a vida que atravessa gerações, a memória que corre silenciosa mesmo quando o mundo transforma suas margens.

Nessa jornada pelo tempo, emergem personagens coletivos:

Povos originários – guardiões do pertencimento e do manejo da terra.
Colonizadores e bandeirantes – portadores da lógica da posse e da extração.
Ciclo mineral contemporâneo – simbolizando a aparente dicotomia entre desenvolvimento e impacto ambiental.
Moradores, tropeiros e guardiões do saber ancestral – preservando ritos, cantos, danças, rezas e histórias.
Turismo atual – expressão da busca por equilíbrio entre progresso e preservação.

Produção e desafio artístico

“Era preciso representar com consistência plantas, animais (alguns endêmicos), trilhas, igrejas, morros, rios e ruas, de modo que a comunidade pudesse reconhecer a si mesma e o território”, afirma o diretor. A pesquisa de campo e a escuta de moradores, assim, foram fundamentais.

O projeto conta com o apoio da Prefeitura de Nova Lima e foi realizado por meio da Lei Paulo Gustavo, do Ministério da Cultura do Governo Federal.

Repercussão e próximos passos

O curta, que já faz barulho nas redes sociais e no YouTube, deve participar de festivais e mostras no Brasil e no exterior. Para Waewell, a recepção do público será fundamental para decidir os próximos passos do seu trabalho neste formato.

Indagado sobre novos projetos no mesmo caminho, Waewell dá esperança aos fãs. “A partir do momento que esta história toque as pessoas, é bem possível expandir a abordagem para outros territórios com histórias igualmente importantes.”