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Acampamentos educativos e a educação fora da sala de aula

Crédito: divulgação

Por Caroline Gaudio, diretora de sustentabilidade do Aruanã

O ambiente escolar é essencial para o desenvolvimento acadêmico e social das crianças, mas sair da sala de aula e explorar novos ambientes pode ser igualmente enriquecedor. A educação, afinal, não se resume apenas a livros e lousas; ela é uma jornada de descoberta, crescimento e desenvolvimento integral. Com o avanço da tecnologia sobre todas as áreas da vida, incluindo a socialização e a aprendizagem, a necessidade de vivenciar outros ambientes e experiências torna-se ainda mais evidente. Por isso, os acampamentos educativos têm se tornado uma extensão valiosa do currículo escolar e da vida dos pequenos como um todo.

Para compreender a importância de se “desconectar” e levar os alunos para ambientes diferentes do comum, é fundamental reconhecer o cenário no qual os jovens estão inseridos atualmente: um em que tudo está na ponta dos dedos, a uma tela de distância. Um estudo da Universidade de Harvard, conduzido pela pesquisadora Laura Marciano, constatou que existe uma relação significativa entre o uso inadequado de dispositivos digitais e o aumento dos sentimentos de isolamento entre jovens e adultos. Mais do que solidão, a relação com a tecnologia pode impactar a saúde mental e até mesmo física de inúmeras formas. Com base nessas percepções, medidas como a proibição dos celulares em sala de aula tem sido adotadas, mas o que mais pode ser feito?

É nesse contexto que os acampamentos educativos se destacam. Caracterizados como  espaços externos à escola e projetados para abarcar uma infinidade de cenários, atividades lúdicas e experiências, eles são ambientes perfeitos para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais e interpessoais, como comunicação, trabalho em equipe, liderança e resolução de problemas. Em um cenário diferente, os alunos enfrentam desafios práticos que exigem colaboração e criatividade, habilidades essenciais para o sucesso futuro.

Os acampamentos educativos oferecem atividades que complementam o currículo escolar, desde ciências naturais até história e geografia. Esse aprendizado vivencial ajuda a solidificar conceitos teóricos e torna o conhecimento mais acessível e memorável. Além disso, a conexão direta com a natureza proporcionada nesses espaços leva os alunos a aprenderem sobre o meio ambiente de forma prática, desenvolvendo uma apreciação mais profunda por ele e entendendo a importância da conservação e da sustentabilidade com base em evidências.

No que tange as relações entre alunos e professores, passar um tempo fora da rotina diária permite que criem laços mais fortes. A convivência em um ambiente diferente promove a empatia, compreensão e respeito mútuo, fomentando o desenvolvimento de uma comunidade escolar mais unida e cooperativa. Ao mesmo tempo, estar longe de casa, sem o apoio garantido de familiares, e enfrentar novos desafios ajuda as crianças a desenvolverem autoconfiança e independência.

Por fim, os acampamentos educativos são, inegável e inevitavelmente, divertidos. Para além das dinâmicas, aprendizados e conhecimentos que oferecem aos jovens, eles oferecem uma pausa revigorante da rotina escolar, permitindo que os alunos se divirtam enquanto aprendem. As memórias criadas durante esses momentos são preciosas e muitas vezes duram uma vida inteira, cimentando referências positivas que podem ser valiosas em um mundo que se fecha cada vez mais entre telas e luzes artificiais.

Da mesma forma que os potenciais malefícios da tecnologia encontram apoio em estudos diversos, os benefícios da natureza para o aprendizado são igualmente fundamentados. Um estudo da Universidade de Melbourne, conduzido por Dianne Vella-Brodrick e Krystyna Gilowska, identificou inúmeras associações que apontam para uma relação positiva natureza-cognição. O contato com o meio ambiente pode elevar o humor e bem-estar, assim como restaurar o funcionamento cognitivo, aumentar a concentração e reduzir os níveis de estresse e a excitação fisiológica. Tudo isso, evidentemente, conduz a um aprendizado muito mais eficiente e leve para os jovens.

Levar os alunos para fora da sala de aula é uma decisão que enriquece a experiência escolar e promove o desenvolvimento integral das crianças. As experiências possíveis em acampamentos educativos não só complementam o currículo acadêmico, mas também cultivam habilidades e valores que são fundamentais para a vida. As escolas que abraçam essa prática investem no futuro de seus alunos de maneira holística e significativa. Dar a uma criança a oportunidade de acampar é investir em ferramentas para além da ocupação de tempo nas férias; é, principalmente um investimento em habilidades interpessoais que envolvem muito trabalho, respeito, carinho e claro, muita diversão!

* Formada em Design Gráfico pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e especializada em Economia Circular e Desenvolvimento Sustentável, Caroline Gaudio é diretora de sustentabilidade do Aruanã Acampamentos e Eventos, espaço rodeado pelo coração da Mata Atlântica localizado em Embu-Guaçu/SP. Possui expertise no desenvolvimento de experiências memoráveis para escolas, empresas e grupos de diversos tamanhos por meio de eventos, projetos pedagógicos, treinamentos e imersões.