Bariátrica ou caneta emagrecedora? Entenda em qual caso cada uma é indicada
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A obesidade é hoje um dos maiores desafios de saúde pública no Brasil. Segundo dados do Ministério da Saúde e do IBGE, mais de 60% dos adultos brasileiros estão acima do peso, e cerca de 26% já são obesos, um índice que quase dobrou nas últimas duas décadas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que, mantido o ritmo atual, o país pode atingir níveis semelhantes aos dos Estados Unidos até 2035.
Diante desse cenário, cresce a busca por alternativas eficazes e seguras para o controle do peso. Entre as mais procuradas estão a cirurgia bariátrica e o uso das chamadas canetas emagrecedoras, medicamentos injetáveis à base de análogos do GLP-1, que ajudam a reduzir o apetite e melhorar o metabolismo. Embora ambos os métodos possam levar à perda significativa de peso, as indicações são distintas e exigem acompanhamento médico rigoroso.
De acordo com o Dr. Mauro Jácome, médico gastroenterologista e diretor da clínica Cronos, a escolha deve ser feita de forma individualizada, com base na gravidade da obesidade, nas condições clínicas do paciente e em sua resposta a tratamentos convencionais. “A caneta emagrecedora é indicada para pessoas com sobrepeso ou obesidade leve, que já tentaram mudanças no estilo de vida e não obtiveram resultado satisfatório, mas ainda não têm indicação cirúrgica. A bariátrica é recomendada para casos mais graves, geralmente com índice de massa corporal (IMC) acima de 40, ou acima de 35 quando o paciente apresenta doenças associadas, como diabetes, apneia do sono e hipertensão”, explica.
Os medicamentos injetáveis vêm se mostrando eficazes no controle do apetite e na regulação da glicose, promovendo uma perda de peso gradual e controlada. Porém, segundo o especialista, eles não substituem a reeducação alimentar e o acompanhamento multidisciplinar. “Não existe solução mágica. O tratamento com medicamentos precisa estar integrado a um programa de reeducação alimentar, acompanhamento psicológico e prática de atividade física. Caso contrário, o paciente tende a recuperar o peso perdido”, alerta Jácome.
Já a cirurgia bariátrica é uma alternativa indicada para quem enfrenta a obesidade severa e não obteve sucesso com terapias convencionais. Além da redução do estômago, o procedimento provoca mudanças hormonais e metabólicas profundas, o que requer atenção redobrada no pós-operatório. “O acompanhamento após a cirurgia é determinante para o sucesso a longo prazo. Sem o suporte de uma equipe médica especializada e o comprometimento do paciente, há risco de carências nutricionais e reganho de peso”, destaca o especialista.
Agora, aqueles que não querem se submeter à cirurgia, há outras opções. “As pessoas que têm obesidade severa mas não querem operar podem usar as medicações ou tratamento endoscópicos como balão ou endosutura”, completa.
Para o Dr. Mauro Jácome, o ponto central é que o emagrecimento deve ser encaradocomo um tratamento de saúde. ‘Cada pessoa tem um metabolismo e uma história clínica diferentes. O papel do médico é orientar sobre o melhor caminho, sempre com foco na segurança, na saúde e na sustentabilidade dos resultados”, conclui o médico.


