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Entrega de alimentos sob risco: perda de temperatura no delivery pode comprometer a segurança dos alimentos

Crédito: divulgação

O prato chega bem embalado, a aparência é impecável e o aroma convida ao garfo. Mas o que não se vê — e o que realmente importa — é a temperatura do alimento no momento em que ele é consumido. 

Em tempos de rotinas aceleradas, o delivery se tornou a solução favorita para milhões de brasileiros. Só que junto com a conveniência, cresce também uma preocupação silenciosa: a segurança microbiológica da comida entregue em casa.

Uma pesquisa da Abrasel, em parceria com o Sebrae, revelou que 76% dos consumidores no Brasil utilizam serviços de delivery pelo menos uma vez por mês

“O crescimento desse modelo de consumo exige atenção redobrada com a conservação dos alimentos no trajeto até o cliente. A maioria das pessoas acredita que o risco está na cozinha do restaurante — mas, muitas vezes, ele está na motocicleta, no trânsito e na espera”, alerta Paula Eloize, especialista em segurança dos alimentos.

A zona de perigo começa no isopor

De acordo com Paula Eloize, alimentos prontos precisam ser mantidos fora da chamada “zona de perigo” — que vai de 10°C a 60°C. “É nessa faixa de temperatura que bactérias como Salmonella e Staphylococcus aureus encontram condições ideais para se multiplicarem. E o tempo que o alimento passa fora dessas condições é crucial”, explica.

Se um prato sai da cozinha a 70°C e chega ao cliente com menos de 40°C, por exemplo, já houve perda significativa de segurança. Isso é especialmente crítico em refeições com ingredientes perecíveis: carnes, molhos cremosos, ovos, laticínios e massas recheadas.

Embalagem não é proteção térmica

Mesmo com embalagens térmicas ou isopores, a conservação ideal nem sempre é garantida. “Aquela marmita que chega suada, com condensação por dentro, pode ter passado por troca de calor com o ambiente externo. Isso significa que o alimento não ficou na faixa segura durante todo o trajeto”, explica Paula Eloize.

Segundo ela, o perigo está justamente nas comidas aparentemente ‘perfeitas’. “Visualmente, tudo pode parecer ótimo. Mas o risco microbiológico não tem cor, cheiro ou sabor.”

O que o consumidor pode (e deve) fazer?

Embora o controle ideal devesse ocorrer em toda a cadeia de produção e entrega, há medidas simples que o consumidor pode adotar:

  • Verifique a temperatura ao receber o pedido. Se estiver apenas morno, reaqueça até ferver.
  • Evite guardar sobras de delivery para o dia seguinte, especialmente se ficaram muito tempo fora da geladeira.
  • Prefira alimentos menos perecíveis em dias muito quentes ou em entregas mais longas.
  • Observe o tempo de entrega: se passou de uma hora, redobre os cuidados antes de consumir.

Informação é prevenção

“O delivery não é um vilão, mas é um ponto cego na segurança dos alimentos. À medida que o hábito se consolida, é fundamental que consumidores e estabelecimentos se atentem a práticas que garantam não só a praticidade, mas a saúde de quem consome”, reforça Paula Eloize.

Mais do que chegar quentinha, a comida precisa chegar segura.