
Intolerância ou alergia alimentar? Entenda a diferença e os riscos de um diagnóstico incorreto
Especialista explica como identificar cada quadro, os principais sintomas e os impactos na saúde intestinal e metabólica
Inchaço, gases, dor abdominal, coceira, falta de ar ou diarreia. Esses são alguns sintomas que podem surgir após a ingestão de certos alimentos, e eles costumam gerar dúvidas: seria intolerância ou alergia alimentar? Embora muita gente confunda os dois termos, as condições são completamente diferentes e exigem abordagens específicas.
De acordo com o médico endocrinologista e metabologista Rafael Fantin, especialista em Medicina do Exercício, Prática Ortomolecular e Nutrigenômica, entender essa diferença é fundamental não só para aliviar os sintomas, mas também para evitar complicações sérias e restrições alimentares desnecessárias.
Intolerância x Alergia: qual é a diferença?
“A intolerância ocorre quando o organismo não produz uma enzima digestiva necessária para quebrar determinado alimento. É o caso clássico da intolerância à lactose, quando falta lactase”, explica Dr. Rafael.
Já a alergia alimentar envolve o sistema imunológico. “O corpo reconhece aquele alimento como uma ameaça e desencadeia uma resposta imunológica, que pode ser rápida e até muito grave”, alerta.
Sintomas: atenção aos sinais
- Intolerância: sintomas gastrointestinais, como gases, distensão abdominal, cólicas e alteração na consistência das fezes.
- Alergia: manifestações respiratórias (falta de ar, chiado, edema de glote), reações cutâneas (coceira, lesões de pele) e gastrointestinais (hipersalivação, vômito, diarreia).
Principais alimentos envolvidos
- Alergias: leite, ovos, oleaginosas, soja, trigo e frutos do mar.
- Intolerâncias: lactose, glúten, aditivos químicos e alimentos ultraprocessados.
Riscos de confundir os quadros
Tratar uma alergia como intolerância pode expor o paciente a situações gravíssimas, como choque anafilático. Por outro lado, tratar uma intolerância como alergia leva a dietas extremamente restritivas, deficiências nutricionais e até impactos emocionais, sem necessidade.
Diagnóstico: como é feito
- Alergia: exames de sangue (IgE) e testes cutâneos.
- Intolerância: exige preparo. “Se o intestino estiver inflamado, há risco de falso positivo. Primeiro, cuidamos da saúde intestinal e só depois realizamos o teste, geralmente com análise de gota de sangue”, orienta Dr. Rafael.
O papel do intestino e do metabolismo
O intestino funciona como uma barreira imunológica. Quando essa barreira está comprometida — por inflamação, disbiose ou excesso de radicais livres —, o corpo se torna mais reativo a alimentos comuns. “Além disso, um metabolismo desregulado, com resistência à insulina ou excesso de inflamação, também amplifica essas respostas”, explica.
Nutrição personalizada: a contribuição da nutrigenômica
A nutrigenômica permite mapear, a partir da genética, quais alimentos podem ser mais problemáticos para cada pessoa, além de ajudar a entender dificuldades na metabolização de nutrientes. Isso torna o tratamento muito mais preciso, sem restrições generalizadas.
Tratamento e acompanhamento
- Alergias: retirada total do alimento e plano de emergência para crises.
- Intolerâncias: correção da saúde intestinal, normalização da digestibilidade e, se necessário, uso de enzimas específicas.
“O ideal é procurar ajuda médica sempre que surgirem sintomas repetitivos após a alimentação — sejam eles gastrointestinais, respiratórios, cutâneos ou até queda de desempenho físico e mental. Com uma avaliação completa, conseguimos tratar não só o sintoma, mas a causa metabólica e inflamatória por trás dele”, conclui Dr. Rafael.