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Jovens inspirados pelos Jogos de Paris estreiam com pódio nas Paralimpíadas Escolares

Fotos: CPB

Gabriel Vitor dos Santos, 12, e Nicolas Cunha das Graças, 16, se motivaram no esporte paralímpico após assistirem à histórica participação brasileira na capital francesa em 2024; evento no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, reúne 2.013 crianças e jovens com deficiência até esta sexta-feira, 29

As Paralimpíadas Escolares 2024, que são realizadas pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, têm entre seus estreantes jovens que foram estimulados diretamente pela campanha histórica brasileira nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, de 28 de agosto a 8 de setembro deste ano. O corredor mato-grossense Gabriel Vitor dos Santos, 12, foi inspirado pelo velocista paraibano Petrúcio Ferreira, tricampeão da prova dos 100m pela classe T47 (limitação em membros superiores), a mesma do novato da modalidade, enquanto o halterofilista mineiro Nicolas Cunha das Graças, 16, acompanhou as provas da carioca Tayana Medeiros, que venceu os Jogos Paralímpicos de Paris na categoria até 86kg.

O evento na capital paulista, com disputas até esta sexta-feira, 29, conta com a participação de mais de 2.000 atletas em idade escolar, dos 26 estados e do Distrito Federal, em competições de 13 modalidades. O número de inscrições para a edição deste ano é recorde. Supera as 1.800 registradas no ano passado, a maior quantidade de participantes até então.  

Gabriel conheceu o esporte paralímpico a oito meses, a convite de seu treinador, Cláudio Mendes de Almeida, que o viu participando por diversão de uma corrida de rua junto ao primo em Cuiabá. “Eu vi que, pela idade, o Gabriel já fazia um tempo razoável. Mas ele ainda era muito jovem para competir na corrida de rua. Por outro lado, o paradesporto poderia fornecer mais oportunidades para ele treinar e competir”, explicou.

O jovem, porém, não se interessou muito pelos treinos, contou Cláudio. “Comecei a mostrar vídeos de atletas paralímpicos, entrei em contato com amigos que são atletas para que enviassem mensagens para incentivar o Gabriel e tentar motivá-lo”, contou.

A mudança que fez o jovem decidir se dedicar mais aos treinos, aos quais ele vai de três a quatro vezes por semana, aconteceu após ele assistir às provas de Petrúcio, que tem uma deficiência semelhante a de Gabriel ( também uma amputação abaixo do cotovelo, mas no braço esquerdo), na competição realizada na capital francesa. “Eu me imaginei lá correndo. Antes, quando eu corria na rua, eu nem sabia que existia competições para pessoas com deficiência”, recordou o jovem.

A estreia de Gabriel nas Escolares resultou em duas medalhas de prata, nos 60m e nos 100m. Apesar de já ter obtido dois pódios de primeira, o mato-grossense já quer mais. “Nos 100m, eu não larguei tão bem quanto eu gostaria. Mas, no ano que vem, eu venho para bater recordes”, afirmou.

Cláudio, o treinador, afirmou que assistir aos Jogos Paralímpicos também provocou mudanças no comportamento do menino. Segundo ele, era comum que Gabriel andasse com o braço direito, no qual tem a má-formação, escondido, por vergonha da deficiência. Hoje, pelo contrário, ele está mais falante e desinibido. “Ele não se importa mais de mostrar o braço dele e a musculatura está até ficando mais desenvolvida. O Gabriel mudou muito”, disse Cláudio.

Outro estreante que contou ter se entusiasmado para treinar mais após assistir aos Jogos Paralímpicos foi o halterofilista mineiro Nicolas Cunha das Graças, 16. O atleta, da categoria até 65kg, lembrou ter acompanhado as provas da carioca Tayana Medeiros, que venceu os Jogos Paralímpicos de Paris na categoria até 86kg e treina no mesmo clube que Nicolas, o Praia Clube/CDDU/Futel. Na competição de nível escolar, subiu pela primeira vez no pódio ao conquistar a medalha de prata, com 105kg.

“A prova da Tayana foi muito disputada e teve uma reviravolta emocionante. Ver o resultado dela motiva bastante para treinar mais e chegar lá. O importante é seguir focando no treino para continuar evoluindo”, afirmou  o jovem, qe tem agenesia de fíbula, uma má-formação nas duas pernas.

Tricampeã das Paralimpíadas Escolares, incluindo esta edição de 2024, a judoca cearense Wiliany Costa, 16, também esteve atenta aos Jogos Paralímpicos de Paris, em especial às disputas da paulista Alana Maldonado, que conquistou na França o bicampeonato paralímpico.

“Eu sou apaixonada por ela. Foi a primeira vez que acompanhei os Jogos e foi um incentivo muito bom para mim, que quero estar lá também. Eu me sinto inspirada e confiante”, disse a judoca, que teve retinopatia da prematuridade e luta na classe J1.

Wiliany é aluna da Escola Paralímpica de Esportes, projeto gratuito de iniciação esportiva para crianças e jovens com deficiência do CPB, e teve em outubro uma experiência internacional, a Gymnasiade, jogos mundiais da juventude, no Bahrein, da qual voltou com a medalha de ouro.

“Representar o Brasil é uma sensação muito diferente, um frio na barriga mais intenso. Mas consegui controlar muito minhas emoções. Agora, no caso da Seleção principal, a carga emocional deve ser ainda maior”, avaliou.

A atleta afirma que, mesmo nova, já vem acumulando uma grande experiência que permite apoiar novos participantes que estão nas Paralimpíadas Escolares. “Minha terceira participação nas Escolares têm sido especial para mim. Como estou entre as mais antigas na minha equipe, posso incentivar e aconselhar quem está chegando. Tenho treinado muito com eles a ansiedade, a insegurança e também a disciplina e o cuidado com horários”, explicou.

Paralimpíadas Escolares 2024

Em 2024, pela primeira vez, foram promovidas as seletivas estaduais das Paralimpíadas Escolares em três modalidades (atletismo, natação e bocha) inseridas no Meeting Paralímpico Loterias Caixa, evento realizado pelo CPB que percorreu todas as Unidades Federativas do Brasil durante o primeiro semestre com disputas de alto rendimento e para atletas em desenvolvimento.

São Paulo é a delegação com o maior número de atletas nesta edição das Paralimpíadas Escolares: 305 competidores. Em seguida estão os mineiros, com 176 atletas, e os catarinenses, com 159 (confira a lista completa de atletas por estado abaixo).

A modalidade com mais inscritos em 2024, 1.010, é o atletismo, modalidade com mais participantes. Em segundo, estão a natação (323) bocha (156), tênis de mesa (103) e badminton (102) – veja a baixa a quantidade de participantes por modalidade na edição 2024 das Paralimpíadas Escolares.

No ano passado, o Estado de São Paulo terminou como o campeão geral das Paralimpíadas Escolares. Foi o 11º título do estado desde 2006, ano em que o CPB organizou a primeira edição dos Paralímpicos do Futuro, evento que ocorreu até 2007 e antecedeu as Paralimpíadas Escolares, nome adotado a partir de 2009.

Confira os atletas por modalidade
Atletismo – 1.010
Basquete em cadeira de rodas – 27
Badminton – 102
Bocha – 156
Futebol de cegos – 16
Futebol PC – 63
Goalball – 49
Halterofilismo – 31
Judô – 64
Natação – 323
Tênis de mesa – 103
Tênis em cadeira de rodas – 15
Vôlei sentado – 51

Atletas por Estado
SÃO PAULO – 305 
MINAS GERAIS – 176
SANTA CATARINA – 159
ESPÍRITO SANTO – 115
MATO GROSSO DO SUL – 101
RIO GRANDE DO SUL – 97
PARANÁ – 95
PARÁ – 91
PARAÍBA – 80
RIO DE JANEIRO – 78
DISTRITO FEDERAL – 75
PERNAMBUCO – 73
CEARÁ -66
GOIÁS – 60
TOCANTINS – 53
MATO GROSSO – 49
MARANHÃO – 48
RIO GRANDE DO NORTE – 45
AMAPÁ – 44
RONDÔNIA – 41
PIAUÍ – 35
SERGIPE – 32
AMAZONAS – 30
RORAIMA – 22
ACRE – 18
ALAGOAS – 18
BAHIA – 9

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