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O perigo mora em casa: como evitar acidentes domésticos com crianças nas férias

Crédito: banco de dados do Canva

Pediatra da Hapvida NotreDame Intermédica orienta transformar a casa em um ambiente seguro para o recesso 

Com a chegada das férias escolares, o ambiente doméstico, que deveria ser um local de segurança, pode se tornar palco de ocorrências graves com crianças. Dados do Ministério da Saúde mostram que, em 2022, os acidentes em casa resultaram em 8.629 mortes de crianças e adolescentes de zero a 14 anos no Brasil, uma média de 23 óbitos por dia. Esses números representam um aumento de 162 ocorrências em relação ao ano anterior, quando 1.616 crianças perderam a vida em episódios ocorridos dentro da residência. 

A maior vulnerabilidade está entre menores de 5 anos, cuja curiosidade natural ainda não têm a capacidade de identificar perigos no ambiente. Isso as torna suscetíveis a situações que, para os adultos, podem parecer evidentes, como escadas, produtos de limpeza ao alcance ou até mesmo um balde com água. Para evitar tragédias, o alerta é claro: redobrar a atenção durante o período de férias escolares, quando as crianças passam mais tempo em casa.

Principais riscos de acidentes dentro de casa

Luciene Custódio, médica pediatra da Hapvida NotreDame Intermédica, alerta que os tipos de ocorrências variam de acordo com a idade da criança, mas quedas, afogamentos, intoxicações e queimaduras estão entre os mais comuns. “As quedas acontecem em todas as idades, desde os bebês que giram no trocador ou na cama até crianças maiores que escalam móveis ou brincam em pisos escorregadios. Em muitos casos, a distração dos pais é um fator determinante, como quando estão no celular e não percebem que o bebê se movimentou”, explica a pediatra.

Quando o assunto é afogamento, é comum que a preocupação só seja despertada em ambientes com piscinas. Contudo, Luciene alerta para outros cenários igualmente perigosos dentro de casa que contém água e merecem atenção redobrada. “Baldes com água, vasos sanitários e banheiras também oferecem grande risco, especialmente para crianças que começam a engatinhar ou ficam em pé sozinhas. Mesmo com uma pequena quantidade de água, um balde pode ser suficiente para uma criança pequena se afogar, porque ela não consegue sair desta situação sozinha”, avalia.

Alguns cômodos da casa também devem ser evitados ao máximo pelas crianças, mesmo quando acompanhadas por adultos. Um breve trânsito dos pequenos pela cozinha, por exemplo, pode acarretar em queimaduras graves. “Panela quente no fogão, líquidos quentes que caem enquanto a mãe está com o bebê no colo ou até mesmo fios desencapados, podem causar queimaduras e choques elétricos. É importante evitar manipular qualquer líquido ou objeto quente quando a criança estiver no colo”, reforça Luciene.

Intoxicações também são uma preocupação recorrente, especialmente com produtos de limpeza e medicamentos. Segundo a pediatra, os materiais de limpeza, além de ficarem em locais de fácil acesso, geralmente são muito atrativos para as crianças, com embalagens coloridas e cheiros diferentes. “Isso chama a atenção delas. Os medicamentos muitas vezes são deixados em mesas de cabeceira ou em locais baixos, e as crianças acabam ingerindo. Já atendi casos de crianças que abriram frascos ou ingeriram comprimidos porque estavam soltos e acessíveis”, conta.

Dicas práticas para prevenir imprevistos nas férias

Criar um ambiente seguro e de supervisão constante é o primeiro passo, especialmente durante os recessos escolares, quando as crianças estão mais ativas e em busca de novas brincadeiras. A pediatra indica que manter baldes e vasos sanitários fechados, usar travas em gavetas, guardar produtos químicos em locais altos e evitar o uso de toalhas compridas nas mesas são medidas simples, mas que podem evitar imprevistos graves.

Não permitir que as crianças brinquem sozinhas em lugares potencialmente perigosos, como lavanderias, cozinhas ou áreas externas com piscina, é o básico. No entanto, a supervisão deve se estender até para ambientes que sejam aparentemente seguros.

Embora muitos acreditem que apenas crianças pequenas precisam de atenção constante, ela deve ser contínua em todas as fases da infância. A orientação de Luciene é buscar atendimento médico imediato em caso de acidentes. “Se houver suspeita de intoxicação, é fundamental levar a criança ao hospital junto com o rótulo ou a embalagem do produto ingerido. Em situações de queda, é necessário observar sinais como vômitos, alterações no comportamento ou dificuldade para andar. Já as queimaduras, mesmo as aparentemente leves, precisam ser avaliadas por um médico para determinar o grau e o tratamento adequado”.

Como comunicar os riscos às crianças

Além da prevenção física, é importante que as crianças entendam os perigos de forma clara. O diálogo é sempre a chave, mas deve ser adaptado à idade e ao nível de compreensão dos pequenos. Usar linguagem simples e exemplos visuais pode ajudar a tornar os riscos mais compreensíveis, por meio de histórias ou brincadeiras, sem assustar, mas garantindo que a mensagem seja assimilada.

Manter as crianças envolvidas em atividades seguras é uma das melhores formas de evitar situações de risco. Brincadeiras supervisionadas, oficinas criativas, leitura e jogos educativos são opções para mantê-las ocupadas e longe de áreas perigosas. “Criar uma rotina, mesmo nas férias, ajuda a estruturar o tempo e reduzir momentos de exposição ao perigo”, enfatiza a médica. 

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