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Organizações voltadas para o público jovem estão buscando formas de abordar questões como autoconhecimento, gênero e raça em Belo Horizonte 

Crédito: Lina Mintz

Iniciativas como as do Instituto Se Toque oferecem formação acessível sobre temas frequentemente vistos como “tabus”, mas que são fundamentais para o desenvolvimento dos adolescentes. Nesta semana serão realizadas duas oficinas gratuitas, confira. 

O acolhimento e a educação sobre gênero e sexualidade são debates cada vez mais importantes na formação dos jovens e da sociedade em seu entorno. Em Belo Horizonte, o Instituto Se Toque é um modelo pioneiro nesse tipo de intervenção, utilizando da arte como ferramenta para trabalhar temáticas como autoconhecimento, prevenção de violências, educação e saúde. Valorizando corpos e identidades dissidentes, o Instituto, através do Projeto XIA, cria espaços de expressão artística e reflexão crítica, oferecendo aos adolescentes e comunidades, oficinas e espetáculos que ampliam o acesso à cultura, promovendo a inclusão de grupos historicamente marginalizados.

Desde 2014, o Instituto Se Toque desenvolve diversas iniciativas significativas, incluindo oficinas, vivências e projetos artísticos voltados principalmente para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Antes de sua formalização como uma Organização Sociocultural da Sociedade Civil (OSC) em 2021, a iniciativa já atuava em áreas como assistência social, em escolas e outras organizações, sempre trazendo a sensibilização e experimentação sensorial e artística para tratar de assuntos considerados tabu. Entre as iniciativas promovidas pelo Instituto recentemente estão a realização de uma intensa programação cultural em bairros periféricos de Belo Horizonte, e a criação de percursos formativos para profissionais do  SUAS-BH (Sistema Único de Assistência Social). 

“O Se Toque é focado em promover ambientes de experimentação e troca, permitindo que mais pessoas se identifiquem e se envolvam com a arte. Nossa prioridade tem sido alcançar regiões periféricas, onde o acesso a essas oportunidades ainda é bastante restrito”, explica Catarina Maruaia, Diretora Presidente do Instituto Se Toque. Segundo ela, a missão do projeto é promover arte e cultura e gerar uma interconexão de saberes que atuem na promoção da saúde das relações humanas.

No mês de outubro, o Projeto realizou oficinas guiadas pelo teatro e pela dança, atendendo jovens nos bairros Vista Alegre, Petrópolis e Vila Cemig, além da capacitação com os profissionais de assistência social. “A articulação com o CRAS de cada um dos bairros e com o Suas-BH desempenha um papel fundamental na articulação de atividades culturais e sociais. Esse contato mais direcionado com as comunidades nos possibilita entender mais profundamente a necessidade dos adolescentes e as principais demandas dos profissionais”, conta Catarina Maruaia.

Programação

Durante esta semana, duas programações artísticas gratuitas serão realizadas em regiões distintas. No dia 6 de novembro, o Centro Cultural Urucuia, no bairro Pongelupe, região do Barreiro, recebe o espetáculo Experimento 1: Masculino?, de Cris Diniz, que explora a construção da masculinidade em um contexto de relações familiares e sociais. Em seguida, a cantora e compositora Coral se apresenta trazendo suas músicas autorais, e a programação se encerra com uma roda de conversa que convida o público a compartilhar suas percepções.

Já no dia 08 de novembro, no bairro Granja de Freitas, região Leste da cidade, a programação segue com o espetáculo X-MAGINATION, de Michelle Sá, que aborda o afrofuturismo como uma forma de refletir sobre a luta histórica e atual contra a opressão da população negra. Logo após haverá também um momento para explorar e debater os temas levantados com os artistas. 

O Projeto Xia 

O Xia 2024 – Programação Cultural, é realizado pelo Instituto Se Toque e utiliza a arte como ferramenta de transformação social para adolescentes em situação de vulnerabilidade. O projeto promove espaços de experimentação artística, troca de saberes e investigação de corpos e expressões dissidentes, envolvendo também crianças, familiares e responsáveis. O XIA busca ampliar o acesso à arte, cultura e lazer, incentivando o desenvolvimento integral dos participantes com o apoio de formações interdisciplinares conduzidas por profissionais especializados.

Sobre o Se Toque

O Instituto Se Toque, criado em 2014 pelas artistas Catarina Maruaia e Lina Mintz, dedica-se à pesquisa e experimentação em arte, gênero e sexualidade. Através de oficinas, vivências e projetos culturais, o Instituto atua beneficiando mulheres, jovens e corpos dissidentes. Formalizado como Organização Sociocultural em 2021, seu trabalho busca promover a igualdade de gênero e o bem-estar coletivo, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

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