
Pediatria é a segunda especialidade com mais médicos em MG
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Para especialista, empatia, atendimento humanizado, escuta ativa e construção de vínculo com a família são requisitos indispensáveis para um bom profissional
Área base da medicina, responsável pelo desenvolvimento humano durante os primeiros anos de vida das crianças, a pediatria é uma das especialidades preferidas pelos médicos mineiros. Dados da 8ª Demografia Médica 2025, divulgada em maio, revelam que dos 74,4 mil médicos no estado, 5637 são pediatras. A busca pela profissão só não supera a clínica médica, que em solo mineiro, abarca 7595 especialistas.
Para a pediatra e professora do curso de Medicina do Centro Universitário UniBH, integrante do ecossistema Ânima, Mariane Ladeira, o requisito básico para um bom profissional, hoje, é sobretudo ter empatia para compreender as angústias dos pais – principalmente os de primeira viagem – no trato com os filhos. “A mensagem no celular que chega fora de hora perguntando se “o cocô está normal” traz consigo uma demonstração de confiança e ao mesmo tempo insegurança. Logo, o pediatra acaba sendo uma espécie de conselheiro para os pais. A mãe, se quisesse, poderia recorrer a uma Inteligência Artificial para saber se as fezes do filho estão normais, mas preferiu ouvir o médico, pois é nele em quem ela confia. Então é preciso paciência para acolhê-la”.
Mariane também pontua ser extremamente importante o atendimento humanizado, que coloque o paciente no centro dos cuidados, de forma individualizada, afinal lidar com pessoas não é, segundo a médica, como preparar uma receita de bolo padronizada. Cada caso que chega ao consultório terá uma história e um contexto. “O pediatra é a extensão da família, pois de certa forma participa da rotina da casa, quer detalhes do sono, dos vínculos de amizade, da alimentação, das atividades de lazer e trabalho”.
Nesse sentido, a professora do UniBH afirma que construir um vínculo com a família, pautado no respeito, é a ponte para viabilizar o desenvolvimento da criança, durante as consultas, da forma mais saudável possível. “A primeira missão do pediatra, principalmente quando se trata de um novo paciente, é passar segurança e respeito para a criança, ou seja, fazer com que ela entenda que atrás da mesa do consultório há um amigo e não um julgador”. O estreitamento de laços, conforme Ladeira, perpassa, inclusive, por estratégias com os pequenos, como por exemplo, sentar-se ao chão com o paciente, se colocar de igual para igual, e brincar, tornar a experiência das consultas médicas, mais lúdicas e divertidas. “Lógico que isso nem sempre é construído na primeira consulta, é necessário tempo”.
Por fim, a pediatra reforça ainda que manter a escuta ativa com a família é outra estratégia crucial no trabalho, principalmente porque o médico não está 24 horas com os pais, portanto é preciso que ele tenha a confiança de ambos, de modo que consigam compartilhar, com clareza, a rotina do filho ao especialista. “Por vezes a família chega no consultório apenas com a necessidade de ser ouvida, pois solução eles já têm e é isso que nós, pediatras, devemos fazer: ouvi-los, sem julgamentos e saber lidar com as mais diversas situações. Muitas vezes eles só querem escutar que ‘está tudo bem’ ou o ‘vai ficar tudo bem’ para respirarem aliviados”.