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Exposição Arte Subdesenvolvida, em cartaz no CCBB BH, recebe programação especial: oficina de bordados, inspirada na obra “Sonhos de Refrigerador: Aleluia Século 2000”

Crédito: arquivo pessoal

A partir da instalação multimídia de Randolpho Lamonier – que reúne sonhos de brasileiros e brasileiras ouvidos nas ruas do país –, o coletivo de mulheres Pontos de Luta – conhecido pelo uso do bordado como denúncia e resistência contra formas de opressão –, oferece ao público técnicas para expressão na arte do bordar.

O evento faz parte da programação de atividades especiais da exposição Arte Subdesenvolvida, em cartaz no CCBB BH até 18 de novembro.

Bordar em grupo também pode ser uma forma de expressar ideais e sonhos. Essa é a proposta da Oficina bordAÇÃO, ofertada no dia 26.10, sábado, pelo coletivo de mulheres Pontos de Luta. Ministrada durante uma tarde, das 14h às 17h, no Pátio do CCBB BH, a atividade propõe uma experiência coletiva em torno da técnica do bordado. Cada participante receberá uma tira de tecido, linhas e agulhas para bordar uma palavra que represente seu sonho. Ação integrada à exposição Arte Subdesenvolvida, a oficina é inspirada na obra multimídia “Sonhos de Refrigerador: Aleluia Século 2000”, do mineiro Randolpho Lamonier, que reúne objetos, conteúdos sonoros, LEDs e grandes cartazes que materializam os sonhos de pessoas ouvidas por ele nas ruas do país.

Para se inscrever na oficina bordAÇÃO (com vagas para 45 participantes), a pessoa interessada deve ter idade mínima de 7 anos. A inscrição pode ser feita gratuitamente, 30 minutos antes, por ordem de chegada. Crianças devem estar acompanhadas de uma pessoa adulta responsável. Para quem quiser aproveitar o passeio ao CCBB BH, ainda é possível visitar a exposição Arte Subdesenvolvida, em cartaz até 18 de novembro, nas Galerias do 3º Andar e no Pátio. São 130 peças, entre vídeos, áudios, cartazes, pinturas, instalações e esculturas. Com patrocínio do Banco do Brasil e BB Asset Management, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, a exposição assim como a oficina, são gratuitas. No caso da exposição, o acesso é mediante retirada de ingresso na bilheteria ou pelo site ccbb.com.br/bh

COLETIVO PONTOS DE LUTA: bordado como denúncia

O Coletivo Pontos de Luta, de Belo Horizonte, foi criado em março de 2019 e utiliza o bordado como linguagem política de denúncia e resistência contra todas as formas de opressão. Traduz as lutas em defesa da democracia e justiça, da cultura e liberdade de expressão, das políticas públicas, dos direitos humanos, sociais e das diversidades.

EXPOSIÇÃO ARTE SUBDESENVOLVIDA: em cartaz até 18 de novembro

A partir dos anos 1930, países econômica e socialmente vulneráveis passaram a ser denominados “subdesenvolvidos”. No Brasil, artistas reagiram ao conceito, comentando, se posicionando e até combatendo o termo. Parte do que eles produziram nessa época está presente na mostra Arte Subdesenvolvida, em cartaz até 18 de novembro, nas Galerias do 3º andar e Pátio do Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte (CCBB BH). A entrada é gratuita mediante retirada de ingresso na bilheteria ou pelo site ccbb.com.br/bh.

O conceito de subdesenvolvimento durou cinco décadas até ser substituído por outras expressões, dentre elas, países emergentes ou em desenvolvimento. “Por isso o recorte da exposição é de 1930 ao início dos anos 1980, quando houve a transição de nomenclatura, no debate público sobre o tema, como se fosse algo natural passar do estado do subdesenvolvimento para a condição de desenvolvido”, reflete o curador Moacir dos Anjos. “Em algum momento, perdeu-se a consciência de que ainda vivemos numa condição subdesenvolvida”, complementa.

A exposição, com patrocínio do Banco do Brasil e BB Asset Management, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, apresenta pinturas, livros, discos, cartazes de cinema e teatro, áudios, vídeos, além de um enorme conjunto de documentosSão peças de coleções particulares, dentre elas, dois trabalhos de Candido Portinari. Há também obras de Paulo Bruscky e Daniel Santiago gentilmente cedidas pelo Museu de Arte do Rio – MAR.

Assim que o visitante adentra o CCBB BH se depara, no Pátio, com a obra Sonhos de Refrigerador: Aleluia Século 2000, do artista mineiro, Randolpho Lamonier. A instalação multimídia apresenta grande volume de objetos que materializam representações de sonhos de consumo de pessoas da classe trabalhadora ouvidas nas ruas de São Paulo e de Belo Horizonte, pelo artista: algumas próximas a ele, como familiares e amigos, outras totalmente desconhecidas.

Outra obra que chama a atenção é Monumento à Fome, produzida pela vencedora da Bienal de Veneza, a ítalo-brasileira Anna Maria Maiolino. O público também tem acesso a uma série de fotografias da artista intitulada “Aos Poucos”.

Ao todo, mais de 40 artistas e outras personalidades brasileiras têm suas obras expostas na mostra, dentre eles: Abdias Nascimento, Abelardo da Hora, Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Artur Barrio, Candido Portinari, Carlos Lyra, Carlos Vergara, Carolina Maria de Jesus, Cildo Meireles, Daniel Santiago, Dyonélio Machado, Eduardo Coutinho, Ferreira Gullar, Graciliano Ramos, Henfil, João Cabral de Melo Neto, Jorge Amado, José Corbiniano Lins, Josué de Castro, Letícia Parente, Lula Cardoso Ayres, Lygia Clark, Paulo Bruscky, Rachel de Queiroz, Rachel Trindade, Solano Trindade, Regina Vater, Rogério Duarte, Rubens Gerchman, Unhandeijara Lisboa, Wellington Virgolino e Wilton Souza.

Durante o percurso, os visitantes contam ainda com diversos recursos de acessibilidade, como audioguias, visitas mediadas em Libras – disponíveis por meio de QR Code , além de Tablets para a visita em Libras.

PERCURSO DA EXPOSIÇÃO: O subdesenvolvimento em décadas

O percurso da exposição Arte Subdesenvolvida, que ocupa o 3º andar do CCBB BH, é dividido por décadas. O primeiro eixo, Tem Gente com Fome, apresenta as discussões iniciais em torno do conceito de subdesenvolvimento. “São de 1930 e 1940 os artistas e escritores que começam a colocar essa questão em pauta”, afirma o curador.

No segundo eixo, Trabalho e Luta, há uma série de obras de artistas do Recife, Porto Alegre, dentre outras regiões do Brasil, onde começaram a proliferar as greves e as lutas por direitos e melhores condições de trabalho.

Já o terceiro bloco se divide em dois. Em Mundo e Movimento “a política, a cultura, a arte se misturam de forma radical”, explica Moacir. Nessa seção há documentos do Movimento Cultura Popular (MCP), de Recife, e do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE), no Rio de Janeiro. Na segunda parte, Estética da Fome, a pobreza é tema central nas produções artísticas, em filmes de Glauber Rocha, obras de Hélio Oiticica e peças de teatro do grupo Opinião. “Nessa época houve muita inventividade que acabou sendo tolhida depois da década de 1960”, completa.

O último eixo da mostra, O Brasil é Meu Abismo, traz obras do período da ditadura militar e artistas que refletiram suas angústias e incertezas com relação ao futuro. “São trabalhos mais sombrios e que descrevem os paradoxos que existiam no Brasil daquele momento, como no texto O Brasil é Meu Abismo, de Jomard Muniz de Britto”, conta o curador.

Ao realizar esse projeto, o Centro Cultural Banco do Brasil oferece ao público a oportunidade de conhecer o trabalho de artistas renomados e entender um período importante da história do Brasil por meio da arte, reafirmando seu compromisso de ampliar a conexão dos brasileiros com a cultura.

A exposição Arte Subdesenvolvida é produzida pela Tuîa Arte Produção e permanecerá aberta ao público até 18 de novembro, com entrada gratuita. Depois, irá circular pelas demais unidades do CCBB, em Brasília e no Rio de Janeiro.

Circuito Liberdade

O CCBB BH é integrante do Circuito Liberdade, complexo cultural sob gestão da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. Trabalhando em rede, as atividades dos equipamentos parceiros ao Circuito buscam desenvolvimento humano, cultural, turístico, social e econômico, com foco na economia criativa como mecanismo de geração de emprego e renda, além da democratização e ampliação do acesso da população às atividades propostas.

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