Taxas de suicídio e autolesões mantêm acesa importância do Setembro Amarelo
O Setembro Amarelo tornou-se uma das principais campanhas de alerta à saúde no Brasil. Ainda que tenha a desconfiança e até o desconhecimento de parte da população, os desafios da saúde mental exibem números que ajudam a justificar por que o evento ganhou corpo nos últimos anos, principalmente entre familiares e amigos de jovens que atentaram contra a própria vida ao enfrentarem uma grave depressão.
Neste ano, o lema do Setembro Amarelo foi “Se precisar, peça ajuda!”, o que também indica um dos conflitos de quem precisa enfrentar a doença. E a necessidade de ajuda tem se intensificado. Entre 2011 e 2022, a taxa de suicídio entre jovens cresceu 6% no Brasil, segundo dados do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Bahia), em colaboração com pesquisadores de Harvard. O levantamento, fruto de uma análise com quase um milhão de pessoas, foi publicado na revista The Lancet Regional Health, em sua versão para as Américas.
Mas este não é o único dado relevante do estudo. As taxas de notificações por autolesões cresceram nada menos que 29% ao ano, também de 2011 a 2022, entre jovens com idades entre 10 e 24 anos de idade. “De fato, enquanto plano de saúde, também sentimos que houve um aumento considerável nas procuras por atendimento à saúde mental”, observa o Dr. Lucas Guedes, médico e gerente de Regulação e Auditoria Médica da operadora de saúde You Saúde.
O relatório Depressão e outros transtornos mentais, elaborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), não apenas confirma esse aumento como coloca o Brasil no topo dos países latino-americanos em número de depressivos. Segundo o documento, são cerca de 11,7 milhões de brasileiros com o transtorno – o equivalente a 5,8% da população.
Entretanto, o quadro traçado pelo Ministério da Saúde é ainda mais grave. O órgão estima que, nos próximos anos, cerca de 15,5% da população brasileira poderá vir a sofrer de depressão ao menos uma vez no decorrer da vida. “Todos os levantamentos relativos à saúde mental nos causam preocupação, ao mesmo tempo que direcionam os rumos dos serviços que o setor da saúde no Brasil deverá ofertar. Nós precisamos estar prontos para atender, o mais rápido possível, a toda a demanda que chegar aos consultórios”, afirma o médico da You Saúde.
Segundo ele, há dois lados que devem ser considerados no aumento da busca por atendimento à saúde mental na rede conveniada com a You Saúde. “São dois vieses importantes. O aumento na procura revela, sim, uma preocupação, porque indica que há mais casos que envolvem a saúde mental na sociedade. Mas, por outro, pode ser um caminho positivo. Talvez um sinal de que os pacientes com depressão estão de algum modo chegando à ajuda especializada”, avalia. “Isso pode ser fruto também de um trabalho importante do Setembro Amarelo. Quero acreditar que sim”, pontua.
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